Menino de 12 anos teria sido barrado por
estar com guias de Candomblé no pescoço
De acordo com o jornal O Dia Online, de 02 de setembro de 2014, na matéria de autoria de Vania Cunha e Athos Moura, um aluno da Rede Municipal de Ensino teve que trocar de escola depois de ter sido impedido de frequentar as aulas por usar guias de candomblé sob o uniforme. O menor, de 12 anos, adotou a religião há cerca de dois meses. Como parte de sua iniciação, tinha que usar as guias durante três meses. Mas, segundo sua família, a diretora teria proibido o menino de entrar na unidade. O menino já não ia à Escola Municipal Francisco Campos, no Grajaú, há mais de um mês. Isto ocorria, segundo afirma a mãe dele, Rita de Cássia, porque a diretora havia avisado que não permitiria a presença dele usando guias ou quaisquer outros trajes característicos do candomblé.
No dia
25 de agosto, o menino tentou voltar a frequentar as aulas, mas teria sido
impedido, segundo a família. Com as guias por baixo da camisa do uniforme, além
de bermuda e boné brancos, ele teria sido proibido de entrar na escola. A
alegação da diretora, segundo a família, foi de que o menino estava usando
roupas fora do padrão adequado. (Foto: José Pedro Monteiro /
Agência O Dia)
O estuda A mãe do estudante disse que tinha
conhecimento apenas de que o uso da camisa com o logotipo da prefeitura seria
obrigatório. Segundo Rita de Cássia, outros alunos usavam boné, bermudas e
calças de outras cores, além de tênis coloridos no dia em que o filho foi
barrado: “A diretora colocou a mão no peito do meu filho e disse que ele não
entraria com as guias, que estavam por baixo da camisa”.
A
diretora foi procurada pela reportagem, mas na escola informaram que o contato
teria que ser feito com a Secretaria Municipal de Educação. A pasta limitou-se
a explicar que a diretora, cujo nome não foi informado, alegou que houve um
“mal entendido”. Tal fato aponta o grau de
intolerância religiosa a despeito da cultura afro-brasileira em nossa
sociedade. VEJA O INFOGRÁFICO.
Choro e
constrangimento
O menino começou a frequentar outra
escola municipal no Grajaú, sem ser incomodado por causa de suas guias e
bermuda branca. A mãe afirma que ele ficou envergonhado e não quis mais estudar
na antiga escola: ele se sentiu “julgado” pelos colegas e responsáveis que
estavam no portão da escola quando foi proibido de entrar.
Segundo a mãe, o menino chegou a
ficar três dias com febre e chorou copiosamente. O pai de santo Rafael Aguiar
contou que após ser iniciada no candomblé, a pessoa, além de não poder pegar
sol, precisa usar roupas claras, tapar a cabeça e usar as guias por um período
de três meses: “A religião tem o seu simbolismo e suas tradições, que precisam
ser respeitadas”. (Colaboraram Gustavo Ribeiro e Maria
Luísa Barros)
Sobre a repercussão
do caso entre as autoridades,
um pedido de desculpas oficial ao aluno foi
feito ontem, dia 03 de setembro, para ajudar a restabelecer a fé na igualdade
de crença do Estado.
Paes ainda lembrou que a sindicância foi aberta para reforçar a conduta
da diretoria da escola e
que no final serão tomadas as medidas cabíveis. (Foto: Angélica Fernandes /
Agência O Dia)
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